REDENÇÃO - heroísmo ambíguo


título original: Machine Gun Preacher
direção: Marc Foster
elenco: Gerard Butler, Michelle Monaghan
duração: 129 min.
país: E.U.A

Dirigido pelo diretor Marc Foster o filme Redenção, relata de forma magistral a verídica história de Sam Childers, um ex traficante arrependido que se dedica a salvar crianças na zona de guerra do Sudão.
Gerard Butler dá vida a Sam, um homem cruel e destemido que vencido por insistentes tentativas vãs de sua mulher em lhe salvar de sua vida arriscada, é acometido pelo arrependimento e decide mudar radicalmente.
Sam então se torna um homem religioso e conhece a realidade trágica do continente africano, se tornando posteriormente um voluntário no Sudão, onde se confronta com as mais desumanas situações, provocadas pela guerra civil que arremete o país. Movido por essa inconformidade da quietação das pessoas frente à algo como uma guerra estritamente violenta, Sam inaugura sua própria igreja, onde se torna pastor e decide utilizar os lucros gerados no recinto para abrir um orfanato e dar aparato as crianças afetadas pelo sangrento conflito, onde é chamado de "preacher white".
Obrigado a balancear a conturbada vida pessoal e as ameaças constantes do conflito eminente contra os rebeldes, Sam inicia uma fantástica história de heroísmo, embora que para isso utilize de modos não convencionais, tal qual a retalhação também violenta face as ameaças rebeldes. 
A narrativa nos mostra como um homem arrependido é capaz de semear a esperança e de contagiar pequenas almas incrédulas a acreditar na salvação se tornando uma espécie de herói dos tempos modernos.





 Sam Childers (real)





TENHO TANTO SENTIMENTO - Fernando Pessoa


Tenho tanto sentimento
que é frequente persuadir-me
de que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
que tudo isso é pensamento,
que não senti afinal.

Temos todos que vivermos:
uma vida que é vivida
e outra que é pensada,
e a única vida que temos
é essa que é dividida
entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é verdadeira,
e qual é errada...
ninguém saberá explicar;
e vivemos de maneira
que a vida que a gente tem
é a que tem que pensar...

OS CRIMES DA RUA DO ARVOREDO - mitos e verdades sobre um psicopata brasileiro




Os crimes da rua do Arvoredo trata-se de um episódio que ocorreu em Porto Alegre, no século XIX e povoa desde então o imaginário coletivo.

Nascido em Santa Catarina, Jose Ramos sofreu durante toda infância com a violência do pai. Já na juventude, durante uma ferrenha briga entre seus pais, José agindo em defesa de sua mãe atacou seu pai à golpe de facadas e o matou.
Para fugir da condenação Ramos foi para Porto Alegre, onde conheceu Carlos Claussner um alemão ex açougueiro de "olhar sombrio" que vivia na região. Carlos alugou o antigo estabelecimento que lhe servia de açougue para Ramos morar.
José Ramos era um homem de gosto refinado, que se vestia bem e frequentava teatros e óperas da época.
Ramos se alistou como soldado na polícia local, mas logo foi dispensado, devido seu comportamento agressivo e muitas vezes cruel em relação aos prisioneiros, passando a atuar como informante secreto da policia, neste mesmo período José conheceu aquela que viria se tornar sua esposa e cúmplice, a húngara Catarina Palsen.
Catarina uma mulher de beleza incomum, contava apenas 12 anos quando assistiu a morte de toda sua família pelas tropas russas ao mesmo tempo que foi estuprada. Aos 15 anos Catarina se casou com Peter Palsen, e resolveram ir para o Brasil, ainda no navio seu marido se suicidou estrangulado, e a jovem se viu sozinha em um país que não conhecia.
José Ramos, que havia confidenciado a Carlos seu instinto assassino, descobriu com este um método prático para se livrar  dos corpos: transformar os mortos em linguiças.
Com Catarina, o plano macabro estava completo... 
A jovem atrairia as vítimas (na maioria imigrantes alemães) até o endereço na rua do Arvoredo, onde eram mortos por Ramos, colocadas em um baú e então coma a ajuda de Carlos eram esquartejados e moídos, transformados em linguiça, sendo que os ossos eram queimados.
Os desaparecimentos começaram a despertar a curiosidade das pessoas que pressionavam cada vez mais as autoridades competentes, o que começou assustar Carlos, que decidiu se mudar para o Uruguai. Indignado Ramos, matou seu comparsa e uma vez que não tinha a habilidade deste para moer os corpos, optou por enterra-lo.
O caso começou ser desvendado, quando Januário Barbosa um português dono de uma taberna desapareceu com o caixeiro, o menino José Inácio de Souza Ávila, sendo que ambos foram vistos pela última vez entrando na casa de José Ramos. O cachorrinho do menino permaneceu na porta da casa latindo como se esperasse o dono por alguns dias, até que misteriosamente também desapareceu.
Esse fato intrigou os moradores da região que pressionou a policia, para que a casa fosse vistoriada, o que prontamente foi atendido, o ano era 1894.
Para horror geral, foram descobertos no pavimento inferior da casa, numa cova, ossos humanos e um cadáver em avançado estado de putrefação e em um quintal da casa foram achados as vítimas procuradas, cortadas em pedaços e mutiladas. Segundo o "auto de exumação e de busca", junto com as vítimas foi encontrado o cão que despertou as suspeitas.
Procedidas as diligências criminais, o cadáver do porão foi identificado como de Claussner e espalhados pela casa foram encontrados vários objetos de uso pessoal dos desaparecidos.
Na cadeia Ramos confessou os assassinatos (embora o número exato permaneça um mistério) e Catarina deu detalhes de tudo. José Ramos foi condenado a prisão perpétua e morreu na cadeia, e Catarina foi internada em um hospício onde passou a maior parte da vida, e foi encontrada morta tempos depois de ser libertada.
Apesar de não ter tido a divulgação necessária e cabível na época na imprensa brasileira, o caso teve repercussão no Uruguai e na França.
Segundo consta, Charles Darwin (autor da teoria da evolução) ao saber do curioso caso de "canibalismo" brasileiro disse a célebre frase:
"O instinto venceu a razão: há um chacal adormecido em cada homem!"


O historiador Décio Freitas retratou com maestria esse episódio da história brasileira no livro: O maior crime da Terra: o açougue humano da rua do Arvoredo.


SE NADA HÁ DE NOVO - William Shakespeare



Se nada há de novo e tudo o que há
já antes era como é,
só ilusão a criação será:
criar o já criado para que?
Que alguém me mostre, sobre um livro antigo
como quinhentas traslações astrais,
a tua imagem, na inscrição, no abrigo
do espírito em seus signos iniciais.
Que eu saiba o que diria o velho mundo
deste milagre que é a tua forma;
se te viram melhor, se me confundo,
se as translações seguem a mesma norma.
Mas disso estou seguro: antigos textos
Louvaram mais com bem menores pretextos.

A ORIGEM DOS NOMES DOS PAÍSES DA AMÉRICA DO SUL

Bogotá

Colômbia - significa "Terra de Colombo", num homenagem ao navegador italiano Cristovão Colombo, que descobriu o continente americano em 1942.


Quito

O Equador foi batizado com o mesmo nome da linha imaginária que atravessa seu território e corta o nosso planeta ao meio. A palavra deriva do latim e significa igual, numa referência à divisão da Terra.


Machu Picchu

O nome do Peru é uma controversa, com duas interpretações conflitantes. A primeira afirma que se trata de derivação do nome Biru, um importante chefe inca. Para segunda significa "terra de riqueza e esperança".


Palácio presidencial em Bogotá

O nome da Bolívia, é uma homenagem à um dos principais heróis sul-americanos ao lutar pela independência de vários países da região, Simon Bolívar.


Santiago - visão da cordilheira dos Andes

Mesmo antes da colonização, o Chile já era chamado assim pelos índios aimarás, que habitavam o norte do país. Na língua deles, a palavra "chilli" quer dizer onde acaba a terra.


ilha la Margarita 

O nome da Venezuela, foi dado pelo explorador italiano que ao visitar a região encontrou indígenas que construíram suas casas em palafitas sobre as águas do rio Maracaibo, e chamou o país de "pequena Veneza"



Mendoza

O nome da Argentina, deriva do latim e quer dizer "prata" e deve-se ao fato da quantidade de riquezas minerais encontradas em seu solo pelos descobridores.


palácio presidencial em Paramaribo

O nome do Suriname, se deve ao nome aos índios surinen que habitavam a região, antes dos colonizadores.


Georgetown (inglesa)

As Guianas tem esse nome porque eram conhecidas pelos nativos como "guyana", que significa "terra de muitas águas"



Montevideo

O nome do Uruguai  significa "rio dos caracóis" na língua indígena, e deve-se ao rio que atravessa seu território.


palácio presidencial em Assunção

Paraguai deriva do nome do grupo indígena que habitava a região, e eram exímios nadadores, payaguaes significa "rabo de mar" 

JOGO DE PODER- política de interesses


título original: Fair Game
ano: 2010
diretor: Doug Liman
duração: 108 min.
país: E.U.A
elenco: Naomi Watts, Sean Pean, Noah Emmerich
distribuidora: Paris filmes


Inspirado em fatos reais, o filme narra a história de conflitos de interesses e os atos antiéticos e desnecessários que resultaram na exposição da identidade secreta de uma agente secreta da CIA, durante o período de invasão do Iraque após o ataque de 11 de setembro.

Valerie Plame, interpretada magistralmente por Naomi Watts é uma importante agente  da CIA, que é incumbida de verificar e encontrar provas da existência de armas nucleares no Iraque (que seria usado para justificar uma futura invasão norte americana no país). Casada com Joe Wilson um ex diplomata do país, Plame tem que dividir sua vida secreta com o papel de mãe e esposa.




O inferno profissional e pessoal de Plame, tem início quando em uma das etapas da investigação seu marido é utilizado para verificar a possível transação de urânio entre o Níger e o Iraque.
Mesmo com todas as indicações na não existência de armas nucleares no Iraque, alguns membros do governo dos EUA, usam da persuasão e o presidente decide por invadir o país árabe; o que causa a revolta em Wilson que decide escrever um artigo em um jornal sobre o assunto, revelando que não seria possível a translação entre o país africano e o Iraque, gerando uma imensa revolta popular.
A partir dai tem início um onda de controvérsias e retalhações irregulares por parte da Casa Branca, a identidade secreta de Plame é revelada em um jornal pelo auto-comando norte americano que afirma que seu marido foi inserido na investigação à seu pedido. Este fato desencadeia uma série de desconfortos que coloca em extremo o casamento de Valerie, além de esgotar suas forças.





Uma incrível história de como os interesses políticos podem sobressair à ética e como informações podem ser manipuladas e interpretadas de acordo com as visões e necessidades.

verdadeira Valerie Plame

CAMILLE CLAUDEL- entre o amor e a lucidez



Camille Claudel nasceu no sul França em 1864, em uma família extremamente tradicionalista.
Numa época que as mulheres eram criadas exclusivamente para atender as tarefas domésticas, Camille revolucionou ao optar por estudar e se aprofundar nas artes plásticas. Contrariando os desejos de sua mãe, e apoiada pelo pai ela iniciou ainda jovem as suas aulas de escultura, e em 1881 o patriarca vendo um futuro excepcional para Camille, mudaram-se para Páris.
Com apenas 17 anos, a jovem abriu um ateliê com outras 3jovens artistas inglesas e conheceu um sucesso repentino e satisfatório.
Em 1883, com então 19 anos, foi apresentada a Auguste Rodin, já famoso escultor, que começou a frequentar rotineiramente o local. Dois anos mais tarde Rodin  a convidou para trabalhar ao seu lado em seu ateliê, quando se tornou sua assistente, musa e amante.
Não se sabe quando exatamente teve início a vida amorosa dos dois, o fato é que Camille se apaixonou perdidamente por Rodin, e simplesmente ignorava a sua fama de sedutor. Nesta época, Rodin que era casado com Rose Beuret (com quem tinha um filho) alugou uma casa para Camille, que abandou a casa dos pais e se tornou oficialmente amante do escultor, enfrentando a repulsa e julgamento das pessoas, inclusive de sua própria família que a renegou.
As brigas, o ciúme e as cobranças se tornaram constantes na relação, já que Camille exigia que Rodin se separasse alegando se sentir muito sozinha, fato que se agravou com um aborto sofrido por ela e em 1892, após várias crises o romance teve seu fim definitivo.
Camille então passou a viver em seu estúdio trancada e cercada por seus gatos, acreditando haver um complô de Rodin contra ela (o que não aconteceu já que ele continuava assegurando-lhe encomendas) Camille não permitia que ninguém visse suas obras as destruindo logo após a conclusão; ela já não comia direito e começou a beber descontroladamente, até que no dia 13 de março de 1913 foi levada a força para um hospício onde foi diagnosticada como portadora de delírio paranoico.
Camille não produziu mais nenhuma obra, em sua estadia no hospício ela foi visitada pouquíssimas vezes, e somente por seu irmão e uma amiga, ela morreu em 1943 aos 79 anos de idade pobre e sem o perdão da família.

algumas das obras de Camille:





NINGUÉM ME VENHA DAR VIDA - Cecília Meireles



Ninguém me venha dar vida,
que estou morrendo de amor,
que estou feliz de morrer,
que não tenho mal nem dor,
que estou de sonho ferida,
que não quero me curar,
que estou deixando de ser
e não quero me encontrar,
que estou dentro de um navio
que sei que vai naufragar,
já não falo e ainda sorrio,
porque está perto de mim
o dono verde do mar
que busquei desde o começo,
e estava apenas no fim.

Corações por que chorais?
Preparai meu arremesso
para as algas e os corais.

Fim ditoso, hora feliz:
guardai meu amor sem preço,
que só quis a quem não quis.

EROS E PSIQUÊ - o amor em mito



A história de amor entre Eros e Psiquê é uma dos mais belos contos da mitologia grega, por retratar o ego dos deuses e a luta de uma mortal para viver seu amor.

A jovem Psiquê era a mais nova de 3 filhas de um rei de Mileto, e possuía uma beleza descomunal; tanto que as pessoas começaram a venera-la tal qual uma deusa.
Essa admiração gerou a inveja de Afrodite a deusa do amor e beleza; que irada enviou seu filho Eros (deus do amor) para fazer Psiquê se apaixonar pelo homem mais horrendo do planeta. Eros porém, ao avistar Psiquê ficou tão admirado, que deixou acidentalmente uma de suas fechas lhe acertar o dedo e apaixonou-se pela moça.
O tempo passou e as irmãs de Psiquê se casaram, mas nenhum homem se atrevia a se candidatar a ser pretendente da bela jovem, incomodando seu pai que resolveu consultar um oráculo, que lhe orientou deixar a sua filha em uma montanha alta onde iria desposar uma serpente... um monstro terrível que nem mesmo os deuses podiam ver.
Psiquê foi levada em cortejo rumo ao seu destino, uma vez sozinha no alto da montanha, a jovem adormeceu e foi conduzida por Zéfiro (deus dos ventos) até seu destino... assim que acordou Psiquê se viu em um palácio extremamente elegante e cercada por empregados invisíveis. Durante todas as noites seguintes ela foi visitada por seu esposo, que apoiado pelo crepúsculo nunca era avistado.





Atormentada porém pela saudade, Psiquê desejou a visita de suas irmãs; o que foi prontamente atendido. As irmãs da moça possuídas pela inveja, a aconselhou em um plano desastroso para desvendar a identidade de seu amado.
Psiquê seguindo os tais conselhos, escondeu uma lamparina e uma faca (caso fosse um monstro), e quando seu esposo adormeceu colocou em prática o plano. Assustada com a visão de Eros, a jovem deixou uma gota de óleo cair sobre ele que acordou assustado e furioso saiu para nunca mais voltar.
Louca de amores, Psiquê saiu errante pelo mundo implorando ajuda dos deuses para reencontrar Eros, o que não foi atendido por causa do temor da ira de Afrodite.
Desesperada e sem esperanças, a jovem resolveu ir até a própria Afrodite e lhe pedir ajuda. A deusa vingativa, aceitou a lhe ajudar se ela cumprisse quatro tarefas teoricamente impossíveis:
Primeiramente exigiu que Psiquê separasse vários grãos misturados, que ajudada pelas formigas rapidamente  realizou; logo depois ela ordenou-a cortar e trazer a lã de carneiros selvagens, e desta vez foi aconselhada pelos caniços que estavam em um riacho, a apanhar as lãs deixadas nos arbustos espinhosos. Em seguida, a moça foi obrigada a trazer um pote da água negra do rio Estinge, mas foi auxiliada novamente, desta vez por uma águia que lhe tomou o pote e pegou a água.
Por fim Afrodite pediu a Psiquê que fosse ao reino do submundo adquirir um pouco de beleza com Pesérfone, a jovem foi instruída por uma torre e conseguiu realizar com sucesso a tarefa. Porém sua curiosidade foi tanta que ela abriu a caixa que levava, e que na verdade continha sono e Psiquê foi acometida por um sono profundo.
Sabendo do sofrimento de Psiquê, o jovem Eros que também estava apaixonado pela moça, implorou à Zeus que ordenasse sua mãe parar com os desafios e que permitisse seu amor com Psiquê a tornando imortal. Zeus atendeu os pedidos do jovem deus e acordou Psiquê a presenteando com a imortalidade.



O DOCE SUMO DE UM LIMÃO- acidez necessária


Com a lua iluminando seus passos ele caminha sozinho,
seus passos desconcertados, pensamentos desconexos 
e um olhar ávido e singelo...
Seu riso é abrangente e suas palavras contém algo ambíguo;
como se mesclasse o pudor e o libido
ou o temor e o desejo pelo proibido.
Sua insensatez de menino - moleque, incomoda
pesa e dá raiva...
Mas ai ele vem com cara de quem nada fez,
com discurso pronto e algo sobre te amar...
por fim você nem lembra mais o que te aflige,
se vê dando gargalhadas das besteiras que ele diz...
Suas faces não tem segredo,
a transparência  as vezes dá medo.
ele dá preguiça...
mas você por tantas vezes se indaga:
como pode viver sem ele?
É uma acidez as vezes pesada demais,
mas sua doçura (aquela bem escondida)
é algo inebriante!
Ele mal sabe, mas tem um segredo...
quando sorri como me pedindo permissão,
por um breve instante ele consegue fazer meu mundo parar!
e ele continua dando seus passos,
me olha e diz: vem comigo?

GUERRA DAS MALVINAS - traduzindo o conflito

"Es la pelea de dos calvos por un peine"
Jorge Luis Borges
(sobre a futilidade de uma guerra por um arquipélago árido)



As Malvinas são um pequeno arquipélago, situado a 500 km da costa argentina, batizada de Falklands em 1690, pelo colonizador inglês John Strong e disputada por muitos anos pela Inglaterra, Espanha, França, Alemanha, Argentina e supostamente os Estados Unidos, até o final da I Guerra Mundial, quando é fixada definitivamente uma colônia britânica na região.
Em 1982, a argentina vivia sob a ditadura militar e era comandada pelo general Galtieri, que era pressionado pela população, já que o país era assolado por problemas sociais e econômicos.
Em uma tentativa desesperada de adquirir o apoio da população, o general viu uma possibilidade de encorporar o arquipélago à seu território e deu início aquilo que chamou de operação Rosário.
A Operação Rosário, consistia em uma série de ações de intensidade crescente destinadas a recuperação do arquipélago.
No dia 2 de abril de 1982, as tropas argentinas invadiram o arquipélago, e rebatizaram a capital Port Stanley para Puerto Argentino. Enquanto a mídia noticiava a vitória argentina, os ingleses tentavam estabelecer um acordo pacífico para a retirada das tropas.




Com a recusa de Galtieri de um eventual acordo, a primeira ministra britânica Margaret Thatcher, deu inicio a  Operação Sutton  no dia 21 de maio, quando as tropas britânicas desembarcam na Baía de San Carlos, com uma incrível superioridade bélica, apoiados por ataques aéreos e milhares de equipamentos e fuzileiros.
A derrota argentina era questão de tempo, e depois de fracassos e equívocos das tropas argentinas,  o conflito teve fim no dia 14 de junho, com um saldo de óbito lamentável de 649 soldados argentinos e 250 ingleses. 
Após o fracasso na guerra e a galopante crise inflacionária que atingiu a Argentina, a população se rebelou contra o governo ditatorial e o general Galtieri foi deposto.
Calcula-se que o suicídio de veteranos argentinos ultrapassam 260 e do lado britânico o número de suicídios contabilizam mais que as perdas durante  a guerra.Ainda existem 16.600 minas terrestres nas Maldivas.







TENANCINGO - a capital da escravidão sexual


O pequeno município de Tenancingo, localizado no estado mexicano de Tlaxcala, e com quase 11 mil habitantes, tornou-se a partir da década de 1970 um centro de prostituição e tráfico de mulheres.
Considerada como a capital da escravidão sexual e da prostituição do México, estima-se que 10% de seus habitantes, se dediquem ao recrutamento, exploração e venda de mulheres, sendo o principal foco de tráfico de mulheres da América do Norte, e consistindo em um dos maiores desafios da atualidade para as autoridades.
O maior obstáculo enfrentado pelas autoridades para frear as atividades dos cafetões, está no fato que o aliciamento de mulheres é considerado (pela grande maioria) uma atividade normal, sendo tratado como um negócio familiar, que envolve e conta com a colaboração de todos os integrantes da família, e muitas vezes conta com a negligência legislativa.
"O problema se iniciou há 40 ou 50 anos, os traficantes começaram a ganhar dinheiro, o que permitiu a eles apoiar economicamente a comunidade, pagando festas e infraestrutura. Ser traficante se transformou em uma aspiração para os jovens e crianças do povoado. Se transformou em algo cultural." afirmou à BBC, o diretor do Centro Frei Julian Garcés (que atende vítimas de exploração sexual) Emilio Muñoz.



A abordagem das vítimas, normalmente é feita de modo carinhoso pelos cafetões, que convencem mulheres normalmente ingênuas e indefesas vindas de ao menos 15 estados diferentes, à princípio atraídas por proposta de casamento ou por promessas de emprego. Mas foram relatados casos de rapto ou compras de mulheres, para a finalidade de aliciamento.
As vítimas, são a partir daí forçadas ao cumprimento das ordens dos cafetões, sob o risco de haver consequências para seus familiares, e são em muitas vezes enviadas para a capital mexicana ou até mesmo para outros países.
As origens para o problema está enraizado muito além, segundo Felipe de la Torre, coordenador regional de um projeto da ONU contra o tráfico de pessoas, existe um fator cultural determinante para resolução dos problemas: o machismo
"Grande parte da sociedade mexicana ainda tem características muito fortes de machismo. Por isso algumas esferas ainda resistem a aceitar que mulheres e vítimas podem ser forçadas a exercer a prostituição," diz o coordenador.
Enquanto isso, milhares de mulheres temerosas e exercendo trabalhos forçados, são obrigadas a aceitar todo e qualquer tipo de humilhação e viver abaixo de qualquer nível adequado de condição humana, aguardando alguma providência dos órgãos competentes e a caridade das pessoas.


O CORVO - traduzindo a genialidade de Allan Poe




O corvo (The Raven)

elenco: John Cusack, Alice Eve, Luke Evans, Bredan Gleeson, Pam Ferris
direção: James McTeigue
gênero: suspense
duração: 111 minutos
Paris filmes


Edgar Allan Poe, é considerado o pai do suspense e da literatura policial, sua genialidade se traduz em contos onde sempre está presente a discussão filosófica, moral ou religiosa, e os conflitos íntimos do seus personagens podem ser considerados verdadeiros tratados psicanalíticos.
Em O Corvo (nome de um dos seus maiores sucessos), John Cusack interpreta magistralmente os últimos dias de vida do autor, cuja morte ainda hoje permanece em mistério. Sabe-se que foi encontrado sentado em um banco de praça em Baltimore, delirando e balbuciando "Reynolds". A trama especula sobre a provável circunstâncias em que Poe se encontrava.
O filme traz a história de um assassino, que pratica seus atos baseados nas histórias e contos de Allan Poe, e desafia os policiais. Nesse contexto, o autor é chamado para ajudar a policia resolver esse intrigante caso, que se torna ainda mais complicado quando o misterioso homem sequestra o grande amor de Poe, e o força a produzir relatos em forma de contos sobre seus assassinatos, revelando-se fã de Allan Poe.
Mesclando ficção e realidade, o filme nos traz algumas obras primas de Poe, como Os crimes da rua Morgue, A máscara da morte rubra, O barril de Amontillado, A queda da casa de Usher e O coração denunciador .
É uma ótima opção para os fãs de Edgar Allan Poe, ou ainda simples amantes de suspense e da 7ª arte.



trailer do filme:

DANÇOMANIA - a epidemia de 1518



Em junho de 1518 um estranho fenômeno acometeu a cidade de Estrasburgo na França, quando uma mulher, Frau Troffea, deu início à um dos fatos mais bizarros da história: a "praga da dança"
Frau, saiu de casa dançando freneticamente pelas ruas de Estrasburgo, numa dança que iria terminar somente com sua morte. Em seis dias, cerca de 34 pessoas aderiram a dança misteriosa, em um mês havia aproximadamente 400 dançarinos.
Segundo relatos não eram simples espasmos ou convulsões, as pessoas dançavam incessantemente, muitas delas morreram de ataques cardíacos, derrames ou exaustão.
Contudo,a dança não parecia ser um ato voluntário, já que segundo cidadãos da época, as pessoas não estavam felizes, o desespero estava em suas faces e seus olhos pediam para parar, muitos choravam, mas não conseguiam parar.
Para provar que a epidemia, não era uma lenda o escritor John Waller, reuniu relatos e registros históricos (incluindo prescrições médicas, crônicas locais e sermões da Igreja) em um livro de 276 páginas "A time to dance, a time to die: the extraordinary  story of dance plague of 1518".
Enquanto a epidemia se espalhava, os nobres procuraram o conselho de médicos da região, que diagnosticavam o problema como uma doença natural causada por "sangue quente". Ao invés de prescrever a sangria, as autoridades encorajavam as pessoas continuar com a dança, abrindo dois salões e contratando músicos para manter os afligidos em movimento, crendo que se recuperariam dessa forma.



DE COSTAS PARA O MUNDO - retratos da Sérvia

Título: De costas para o mundo
título original: With their backs to the World
editora: Record
ano: 2007


A jornalista norueguesa Asne Seierstad, tornou-se conhecida em todo mundo após o fantástico e arrasador O livreiro de Cabul, um best-seller que figurou dentre os mais vendidos por todo planeta por um longo período.
Em De costas para o mundo, Asne retoma o estilo que lhe consagrou mundialmente e nos apresenta a Sérvia e os efeitos da guerra da Iugoslávia de um modo singular e extremamente atrativo.
Sob uma narrativa emocionante, a autora nos mostra personagens reais e nos insere em seus conflitos e divergências, ao mesmo tempo que diserta e encaixa perfeitamente fatores culturais e a históricos do país, favorecendo a compreensão do assunto.
Asne, consegue decodificar um país marcado pela diversidade religiosa e cultural (habitado por católicos ortodoxos e muçulmanos) e pelos traumas de uma guerra que assolou o coração da Europa durante a década de 90, aflorou o ódio entre vizinhos e se mostrou o conflito mais sangrento em território europeu, desde a segunda guerra mundial.
Dentre a narrativa do cotidiano dos personagens, Asne revisa a história sérvia desde o domínio otomano até as ditaduras de Tito ( da antiga Iugoslávia) e do genocida Slobodan Milosevic (descrevendo algumas de suas loucuras) entre relatos de estudantes, músicos, partidários e opositores dos regimes.

Um livro entusiasmante e indispensável para o maior entendimento deste período conturbado da histórias dos Balcãs.

mapa da Península Balcânica


Asne Seierstaid

Pesquisar