COMO SE MORRE DE VELHICE - Cecília Meireles


Como se morre de velhice
ou de acidente ou de doença,
morro, Senhor, de indiferença.

Da indiferença deste mundo
onde o que se sente e se pensa
não tem eco, na ausência imensa.

Na ausência, areia movediça
onde se escreve igual sentença
para o que é vencido e o que vença.

Salva-me, Senhor, do horizonte
sem estímulo ou recompensa
onde o amor equivale à ofensa.

De boca amarga e de alma triste
sinto a minha própria presença
num céu de loucura suspensa.

(Já não se morre de velhice
nem de acidente nem de doença,
mas, Senhor, só de indiferença.)

HENRIQUE VIII - as eloquências do rei promiscuo


Nascido em 1491 fruto do casamento do rei Henrique VII (membro da casa Lancaster) e de Isabel de Iorque (filha do rei Eduardo IV), Henrique Tudor foi coroado príncipe de Gales em 1502 com apenas onze anos, após a morte de seu irmão mais velho, atingido por tuberculose quando contabilizava quinze anos.
Devido à questões legislativas da época, como o casamento de seu irmão não foi consumado, sua mulher Catarina de Aragão foi lhe dada em noivado e cedendo as pressões da rainha Isabel I da Espanha, mãe de Catarina, foi expedida uma dispensa papal (a Bula de Júlio II - alegando que não houve intimidade no matrimônio), o que deixava os dois jovens livres para se casarem.
No dia 11 de junho de 1509, com a morte do rei e após várias controvérsias foi realizado o casamento de Henrique e Catarina. Vinte e três dias depois, eles foram coroados reis e o jovem adotou o título de Henrique VIII.


A rainha Catarina não conseguia dar um filho homem ao rei, de cinco gravidezes somente uma conseguiu êxito, na qual nasceu Maria, o que gerou o temor de Henrique de não ter um herdeiro real. Henrique então deu início aquele que viria ser o maior escândalo sexual da história da coroa inglesa e segundo consta sem fazer questão alguma de manter segredo, ele começou a eleger suas amantes.
Oficialmente, relatos indicam que o rei possuía duas amantes: Maria Bolena e Isabel Blount (com quem teve um filho legítimo, que morreu posteriormente).
Não se sabe como exatamente, mas Ana Bolena, irmã de Maria, começou a despertar a atenção do rei e os cortejos reais se tornaram frequentes. Contudo, Ana se recusava a se tornar amante do rei e vendo que a cobiça de Henrique só aumentava, a jovem propôs se tornar sua esposa.


Obcecado por Ana e pela possibilidade de gerar um herdeiro ao trono, o rei Henrique teoricamente convencido pela jovem, decidiu pedir a anulação de seu casamento com Catarina, uma vez que o divorcio não era permitido na igreja católica, encarregando seu ministro, Wolsey, de obtê-lo junto ao papa Clemente VII, mas este recusou seu pedido, uma vez que o tio de Catarina, o rei Carlos V tinha grande influência sob o papado.
Inconformado com a indiferença papal, Henrique VIII obrigou o Parlamento britânico a votar uma série de leis que colocavam a Igreja sob o controle do Estado. No ano de 1534, o chamado Ato de Supremacia criou a Igreja Anglicana. 



Segundo os ditames da nova Igreja, o rei da Inglaterra teria o poder de nomear os cargos eclesiásticos e seria considerado o principal mandatário religioso. A partir dessa nova medida, Henrique VIII casou-se com a jovem Ana Bolena. Além disso, realizou a expropriação e a venda dos feudos pertencentes aos clérigos católicos. Essa medida fez com que os nobres, fazendeiros e a burguesia mercantil passassem a exercer maior influência política.


Ana foi coroada rainha consorte em 1 de junho de 1533, numa cerimônia magnífica na Abadia de Westminster, precedendo um suntuoso banquete. Ela foi a última rainha consorte da Inglaterra a ser coroada separadamente de seu marido. Além de Catarina de Aragão, Ana foi a única das esposas de Henrique a ter uma coroação.
Ana tinha grande influência sobre as questões e decisões reais, mas o conturbado casamento não obteve a aprovação popular, que aclamavam Catarina e chamavam Ana de bruxa, dizendo que o rei havia sido enfeitiçado por ela.
A busca obsessiva de Henrique para obter um herdeiro do sexo masculino, parecia ter se realizado e no dia  7 de setembro de 1533, Ana dava a luz a um bebê prematuro. Para o desespero do rei, era uma menina a quem chamaram de Elizabeth.
A inteligência e perspicácia de Ana, antes admirados por Henrique se tornou algo inaceitável, após um aborto no natal de 1534, ela novamente ficou grávida em outubro do ano seguinte.
Em janeiro de 1536, a notícia da morte de Catarina (que estava exilada) alegrou os ânimos, mas alguns dias depois o segundo aborto de Ana, foi o ponto culminante para ira do rei.
Acusada de incesto, adultério, magia e conspirações; Ana Bolena foi foi presa em 2 de maio e despejada na Torre de Londres. A coroa capturou e encarcerou cinco homens que teriam cometido os supostos atos ilícitos: Mark Smeaton, Sir Henry Norris, Sir Francis Weston, William Brereton e George Bolena, irmão de Ana. Apenas Smeaton, sob tortura, confessou; os outros juraram inocência. Dúvidas pairam sobre a lisura e imparcialidade do processo, que condenou o quinteto à morte por traição.



Ana Bolena foi a julgamento no dia 15 de maio, no Grande Salão da Torre de Londres, um dia depois de seu casamento com Henrique VIII ter sido anulado por Thomas Cranmer, Arcebispo de Canterbury. Considerada culpada de todas as acusações, recebeu a sentença de morte da boca de seu tio, o Duque de Norfolk.
No dia 19 de maio, apesar da interseção de sua irmã Maria (segundo alguns, grande e único verdadeiro amor de Henrique) Ana foi decapitada diante de uma multidão, que se outrora exalava ódio pela rainha, agora a admiravam e se voltavam contra o rei.

No dia seguinte (20), Henrique anunciou seu terceiro noivado, com a ex dama de companhia Jane Seymor e o casamento ocorreu 10 dias após.  A nova rainha, meiga e dócil, conseguiu que Henrique VIII aceitasse na Corte as duas filhas, nascidas de casamentos anteriores, mas como numa espécie de sina, ela morreu após haver dado ao marido o tão suspirado herdeiro, Eduardo, que porém, viveu somente 17 anos.


Em 1938 iniciando sua perseguição aos seus oponentes religiosos, Henrique ordenou a destruição dos santuários da Igreja Católica Romana, sendo que neste mesmo ano, todos os mosteiros existentes tinham sido fechados, e suas propriedades transferidas para a Coroa.
Como recompensa por sua eficiência, Thomas Cromwell foi nomeado Conde de Essex. Abades e priores perderam seus assentos na Câmara dos Lordes, e só os arcebispos e bispos formaram a representação eclesiástica de corpo. Os "lordes espirituais", como eram conhecidos os membros do clero com lugares na câmara dos lordes, foram pela primeira vez superados em número pelos lordes temporais.
Almejando uma aliança política e temeroso com sua popularidade, Henrique anunciou seu noivado com Ana de Cleves, irmã do Duque de Cleves (importante aliado) que foi realizado no dia 6 de janeiro de 1540.
Porém arrependido já que não achava Ana atraente, o casamento foi anulado poucos dias depois, sob a justificativa de não ter sido consumado.


No dia 28 de julho do mesmo ano, Henrique dava início a seu quinto casamento, dessa vez com a jovem Catarina Howard (prima de Ana Bolena), que encantou o rei. Mas as acusações de adultério recaíram sobre a rainha e após uma detalhada investigação, Catarina foi considerada culpada (supostamente de maneira injusta) e condenada à morte, o que ocorreu no dia 13 de fevereiro de 1542.


No dia 12 de julho de 1543, Henrique casou-se pela sexta vez com a viúva Catarina Parr, que era jovem, meiga e afeiçoada aos filhos do rei. Ela ajudou a reconciliação de Henrique com suas duas filhas, Lady Maria e Lady Isabel. Em 1544, uma lei do Parlamento colocou-as de volta na linha de sucessão ao trono inglês após o príncipe Eduardo, embora elas continuassem ilegítimas.


Os últimos anos do reinado de Henrique VIII transcorreram adoçados pela influência da boa e sábia Catarina. Foram anos ocupados em guerrear a França, a Escócia, a consolidar o poder absoluto, a desenvolver a Marinha, dando o início ao poderio naval da Inglaterra.
Vítima de obesidade e de uma infecção, Henrique faleceu em 1547. Em pouco mais de uma década após a sua morte, todos os seus três herdeiros sentaram-se no trono inglês, e os três não deixaram descendentes.
Durante os 38 anos de seu reinado, exerceu importante papel na política européia, tornando a Inglaterra uma das maiores potências navais da época e separando da Igreja Católica Romana e Igreja da Inglaterra.


"Senhores, humildemente me submeto à lei; conforme a lei me julgou!
Quanto às minhas ofensas, Deus as conhece. Eu as entrego à Ele e peço que tenha piedade de minha alma.

Eu rogo à Jesus, que proteja meu soberano e senhor: o rei.
O mais generoso... o rei mais generoso e nobre que já existiu!"

últimas palavras (teoricamente) ditas por Ana Bolena, diante da multidão que aguardava sua decapitação.


EU CHRISTIANE F., 13 ANOS, DROGADA E PROSTITUÍDA ...


Confesso que existem alguns livros que acima da minha curiosidade aflorada e da minha fixação pela arte da leitura, apenas tenho conhecimento por obrigação. E é este o caso de Eu Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída, que tive acesso de maneira totalmente acidental, quando apenas procurava livros jornalísticos interessantes. Desde então, essa obra me desperta uma atenção (e por que não dizer uma admiração) intensa.
O livro começa com  a dramática história de uma garota em um tribunal, enfrentando a acusação de usar drogas ilícitas e de prostituir-se. Em seu relato impressionante e comovente Christiane, disserta sobre sua trágica história.
Partindo da convivência com um pai autoritário e violento, a garota que se viu insegura após se mudar com sua família para Berlim, é obrigada a conviver de acordo com o novo ambiente.
Impulsionado por uma junção de fatores, a garota incentivada por más companhias começou usar drogas e encontrando abrigo na sua carência  ficou viciada. E a partir de então, coisas horríveis começaram a acontecer em sua vida (inclusive se prostituir para suprir o vício).
O intenso drama de uma criança que fez escolhas erradas e aos 13 anos estava praticamente sem vida foi lançado em 1978, em alemão, pelos jornalistas Kai Herrmann e Horst Rieck que entrevistaram a jovem Christiane F. e reuniram seus depoimentos nesse livro rico em tristes detalhes.
A história de Christiane F. não se difere de tantas outras histórias tristes de viciados, mas a profundidade da narrativa (que intercepta até mesmo os pequenos detalhes) em conjunto com a trajetória minuciosa da pequena garota que se transforma numa dependente química, nos faz adentrar no universo familiar e nos leva à indagar sobre os efeitos desastrosos que a ausência de uma base sólida provoca nos indivíduos. Trata-se de uma análise sobre a realidade inconveniente e omitida a que fazem parte os dependentes químicos.
Vale muito a pena!!!

diferentes fases de Christiane:





PARADISE CITY - Guns N' Roses

A canção Paradise City, um dos singles do primeiro álbum de estúdio da banda Guns N' Roses lançado em 1987, o  Appetite for Destruction e se tornou um dos hinos da banda e um dos grandes ícones do rock.


A emblemática canção teria sido composta segundo Slash após um show, na traseira de uma van alugada.
A banda voltava de um show em São Francisco e enquanto bebiam e tocavam violão, Slash iniciou o que seria a introdução da música, sendo acompanhado por Izzy Stradlin (guitarra rítmica) e  Duff McKagan (baixo).
Seguindo a melodia, Axl Rose cantou  "Take me down to the Paradise City" e Slash completou "where the grass is green and the girls are pretty"... o restante da música foi composta por uma junção de frases sugeridas por todos os componentes.


A cidade que serviu de inspiração para a canção permanece um mistério. Alguns acreditam que a música era sobre Los Angeles e sua corrupção, enquanto outros acreditam que era sobre a cidade de nascimento de Axl e Izzy: Lafayette no estado de Indiana.
Durante as turnês Use Your Illusion Tour (1991-93) e a Chinese Democracy World Tour (2001-11) a canção foi maioritariamente a escolhida para  fechar as apresentações.
Metade do vídeoclip de Paradise City foi filmado no Giants Stadium em Nova Jersey, quando estavam em turnê com o Aerosmith, e em outra metade, os membros da banda são vistos a bordo do jato Concorde, indo para a Inglaterra onde seria realizado o festival Monsters of Rock. Lá aconteceu o trágico acidente em que dois fãs morreram pisoteados. O Guns N' Roses decidiu colocar partes desse concerto no clipe, em sinal de respeito e luto às pessoas que morreram no local. Duff McKagan pode ser visto com uma camiseta do Aerosmith na filmagem.


Curiosidades sobre a música:

* Esta música é tema do jogo Burnout Paradise.
* A música ficou no 3º lugar da lista dos maiores solo de guitarras de todos os tempos pela revista Total Guitar.
* Paradise City alcançou a 453 ª posição na lista dos 500 maiores sons de todos os tempos da revista Rolling Stone.
* Alguns acreditam que a música teve influência do single "Spiritwalker" do Grupo inglês The Cult em sua composição.



Paradise City 
Guns N' Roses

Take me down to the paradise city
Where the grass is green and the girls are pretty
Oh, won't you please take me home

Take me down to the paradise city
Where the grass is green and the girls are pretty
Take Oh, won't you please take me home

Just an urchin livin' under the street,
hard case that's tough to beat
I'm your charity case, 
so buy me somethin' to eat, 
I'll pay you at another time
Take it to the end of the line

Ragz to richez or 
so they say, 
ya gotta-keep pushin' for the fortune and fame
It's all a gamble when it's just a game,
ya treat 
it like a capital crime
Everybody's doing their time

Take me down to the paradise city
Where the grass is green and the girls are pretty
Oh, won't you please take me home

Take me down to the paradise city
Where the grass is green and the girls are pretty
Take me home

Strapped in the chair of the city's gas chamber
Why I'm here I can't quite remember
The surgeon general says it's hazardous to breathe
I'd have another cigarette but I can't see
Tell me who you're gonna believe

Take me down to the paradise city
Where the grass is green and the girls are pretty
Take me home, yeah

Take me down to the paradise city
Where the grass is green and the girls are pretty
Oh, won't you please take me home

So far away, so far away, 
so far away, so far away

Captain America's been torn apart
Now he's a court jester with a broken heart
He said- turn me around and take me back to the start
I must be losin' my mind- "Are you blind?"
I've seen it all a million times

Take me down to the paradise city
Where the grass is green and the girls are pretty
Take me home
(...)


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