DAS ESTRELAS



Não sei como o céu está hoje.
Esqueci das estrelas e dos olhares. Esquecemos de ser gentis e talvez as estrelas tenham se apagado.
Se entristeceram talvez e se assim for, ainda hei de apagar-me.
Não se morre de tristeza, pequena tola! Não se morre, mas se apaga.
Esvaindo pouco a pouco...
Das estrelas não mais sei. Sei mais nada, nem de meu amor.
Se face a face estivesse,
estaria ali, mas seus olhares vagariam para além
Esvaindo pouco a pouco...
Teus lábios tocariam os meus, mas já não sei se corresponderia.
Meu coração não mais vai pulsar já que do céu continuo descrente.
Permaneceremos ai, intactos e imunes ao nosso ainda dito amor
Que não mais cresce, apenas permanece
Esvaindo pouco a pouco, até findar-se.

WHAT I BE- definições que machucam

Durante nossa incessante busca por uma identidade, muitas vezes esbarramos em certas rotulações que nos acompanham para o resto de nossas vidas. Estas imposições sociais de rótulos e definições, muitas vezes se transforma em vulnerabilidades que nos atormenta. Pensando no incômodo gerado por tais práticas, o fotógrafo Steve Rosenfield reuniu mais de mil pessoas em um projeto que visava dar respostas a estereótipos que elas mesmas ou a sociedade lhes impuseram e para isto ele propôs como lema "construir segurança através das inseguranças".
Os participantes do projeto foram orientados a completar a frase "eu não sou..." com algo que lhes perturbavam. Ao fotografar estas pessoas Rosenfield espera ajudar cada um deles a compreender tudo com o que precisam lidar e ao mesmo tempo entenderem que não são aquelas coisas que as definem.

"eu não sou meu aborto" 
- assassina -


"eu não sou meus arrependimentos"
- vagabunda, drogada, estúpida -


"eu não sou minha autodefesa"
 - atenção: afaste-se -


"eu não sou meu câncer"
 - frágil -


"eu não sou minha cor"
 - sim, sou negra -


"eu não sou minhas drogas"
 - prostituta -


"eu não sou minhas dúvidas"
 - certo/errado -


"eu não sou minha etnia"
 - exótica -


"eu não sou meu gênero"
 - eu era um homem -


"eu não sou minha invasão"
 - molestada -


"eu não sou um número"
- f** Hitler -


"eu não sou o meu país"
 - volte para o Iraque -


"eu não sou minha sensibilidade"
 - pare de chorar -


"eu não sou minha timidez"
- invisível -

TALVEZ- Pablo Neruda


Talvez não ser,
é ser sem que tu sejas,
sem que vás cortando
o meio dia com uma
flor azul,
sem que caminhes mais tarde
pela névoa e pelos tijolos,
sem essa luz que levas na mão
que, talvez, outros não verão dourada,
que talvez ninguém
soube que crescia
como a origem vermelha da rosa,
sem que sejas, enfim,
sem que viesses brusca, incitante
conhecer a minha vida,
rajada de roseira,
trigo do vento,

E desde então, sou porque tu és
E desde então és
sou e somos...
E por amor
Serei... Serás...Seremos...

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