FRASES DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE




"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."

"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata...."

"Porque eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que as pessoas me enxergam."

"Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o ouvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão."
Por ser Intangível... Morrerei de Amor Porque Te Quero..

À ESPERA DOS BÁRBAROS - Konstantino Kaváfis



Kaváfis foi uma espécie de saudosista do mundo helênico. Na época, a cidade era um protetorado da Inglaterra, onde ele foi estudar, voltando depois à terra natal. Homossexual, boa parte de sua poesia, evidencia suas aventuras amorosas pelos “catres” de Alexandria. Mas é no desencanto ilustrado, culto e pessimismo dos poemas de evocação histórica que está o melhor de sua produção.
No poema "À espera dos bárbaros" Kaváfis recria uma cidade imaginária e decadente. Uma cidade imóvel em sua civilizada inércia decorosa, em sua brandura de cônsules e leis e oradores. Um estado pacífico onde a ordem e a eqüidade imperam mas onde falta algo. Este algo que falta chama-se alteridade que, como se sabe, só se encontra fora: com os bárbaros.
Duas realidades se articulam no quadro poético:
* o adentro plúmbeo, expectante, solene dos civilizados
* e o afora esperançoso, deslumbrante, sensual e selvagem dos bárbaros.
Lá, naqueles de além das fronteiras, está a felicidade, a vida simples. Mas civilização é destino, é, portanto, fatalidade. Kaváfis reafirma isso senão na quietude, na solene e ansiosa espera dos cidadãos e seus dignatários. Só se rompe este hieratismo teatral, este encantamento coletivo, quando algumas pessoas, aquelas vindas das fronteiras, trazem a má notícia de que os bárbaros não existem. Sem alteridade não há saída. A cidade deve resignar-se a viver sua vazia decadência tão desprovida de estímulos como de bárbaros.
Quando tudo se desmorona à nossa volta, basta-nos qualquer ínfima coisa, um messias de arrabalde, uma alegoria, para conferirem à nossa desorientação a dignidade de um rumo, de uma teleologia. Caímos com fragor? Que interessa se acreditarmos haver uma solução, bárbara que seja. E, sobretudo, que a solução chegue.

À espera dos bárbaros

O que esperamos na ágora reunidos?

É que os bárbaros chegam hoje.

Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?

É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.

Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?

É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.

Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?

É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.

Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?

É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.

Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?

Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.

Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.

ARIADNE - o mito da princesa apaixonada


Ao assumir o trono de Creta, o rei Minos que travava uma batalha acirrada com seus irmãos, rogou à Poseidon, o deus do mar que lhe enviasse um sinal de sua aprovação à seu reinado. Poseidon então lhe enviou um belo touro branco, que deveria ser sacrificado em sua homenagem; Minos porém se encantou com a beleza descomunal do touro e não o matou. Em represália  à tamanha afronta, o egocêntrico deus uniu forças com Afrodite (a deusa do amor) que fez com que Pasífae se apaixonasse pelo touro.
Parsífae que se encontrava perdidamente apaixonada pelo touro, pediu à Dédalo (o lendário artesão) que lhe construísse uma vaca de madeira, para que assim pudesse copular com o touro do mar. Deste bizarro encontro amoroso, nasceu Minotauro, um ser anormal com corpo humano e cabeça de touro.


Durante a infância do ser Parsífae cuidou-o, porém com o tempo ele se tornou feroz e como não havia alimentos que suprissem satisfatoriamente suas necessidades, Minotauro começou se alimentar de homens.
Atordoado, Minos procurou o oráculo em Delfos e aconselhado por este, pediu á Dédalo que construísse um labirinto muito bem elaborado para prender Minotauro, e assim foi feito.


Anualmente eram enviados sete jovens para oferenda ao temido monstro, os jovens eram atenienses como uma retaliação de Minos à Atenas, pela morte de seu filho Androgeu após uma batalha com os atenienses.
E é neste contexto que ARIADNE é inserida.
Ariadne era a formosa filha de Minos, que encantava todos com sua beleza e atraía milhares de pretendentes.


O príncipe ateniense semi-deus Teseu, no terceiro ano de sacrifício decidiu se voluntariar, tendo em mente matar o monstro. Aconselhando-se com o oráculo lhe foi revelado que somente alcançaria a vitória se fosse auxiliado pelo amor.
Assim que Teseu chegou a Creta, Ariadne se apaixonou loucamente por ele e decidiu lhe ajudar à escapar com vida do minucioso labirinto.
Ariadne então propôs à Teseu lhe ajudar em troca de seu amor, o que foi prontamente atendido. Ela deu ao jovem uma espada para que ele pudesse matar Minotauro e um novelo de fio de ouro para que ele o amarasse na entrada do labirinto e fosse o desenrolando para deste modo encontrar a saída.


Uma vez dentro do labirinto Teseu desenrolou o novelo como explicado por Ariadne e ao encontrar Minotauro o cegou com um punhado de areia e o golpeou mortalmente. Teseu ainda cortou o cabelo do monstro para provar que havia o matado e o entregou ao rei Minos, que perdoou Atenas de sua dívida.


Como prometido, Teseu partiu para Atenas levando consigo Ariadne. No caminho de regresso porém, Teseu resolveu repousar na ilha de Naxos (ilha que era predileta do deus Dionísio). Lá chegando a bela Ariadne adormeceu e Teseu aproveitando esse ensejo partiu com seus homens abandonando a princesa.
Ao acordar e vendo-se abandonada Ariadne entrou em desespero.


Ao ver a cena de sofrimento de Ariadne, Dionísio (deus do vinho e das festividades) se apaixonou pela jovem e lhe propôs casamento.
Como presente ele ofereceu à Ariadne uma coroa de ouro revestida de pedras preciosas.
Do matrimônio entre os dois nasceram cinco filhos (há controvérsias): Toas, Estáfilo, Enopião, Pepareto e o herói Céramo.


Quando Ariadne morreu, desolado Dionísio atirou a coroa que havia lhe presenteado em seu casamento ao céu. A coroa formou uma linda constelação que iria recordar por todo sempre a beleza de Ariadne e o amor de Dionísio por ela (Coroa Boreal ou Coroa do Norte).


Até hoje o fio de Ariadne é constantemente citado nos âmbitos da filosofia, da ciência, dos mitos e da espiritualidade, entre outras esferas que reivindicam seu significado metafórico. Vinculado ao símbolo do labirinto, ele é constantemente visto como a imagem com a qual se tece a teia que guia o Homem na sua jornada interior, e o ajuda a se desenredar do caminho labiríntico que percorre em sua busca do autoconhecimento.


MAX SCHMELING - ascensões e declínios de um verdadeiro herói do esporte


Maximillian Adolph Otto Siegfried Schmeling é um dos principais nomes do esporte alemão. Eleito em 1987 pela imprensa e especialistas esportivos o maior desportista alemão de todos os tempos, Max teve injustamente sua imagem associada ao nazismo alemão por muito tempo, mas sua honestidade e garra o fizeram um exemplo à ser cultuado e venerado pelas gerações posteriores.


Max que nasceu em 1905 e era filho de um piloto de marinha mercante, teve uma infância humilde em Berlim. No ano de 1924, com apenas 19 anos e impulsionado por um filme que havia assistido sobre o boxe, ele se tornou boxeador profissional e já em 1926 ganhou seu primeiro título importante: o de meio pesados, iniciando assim sua carreira brilhante como pugilista.
Em 1927, Max passa a competir na categoria pesos-pesados, onde no ano seguinte conquista o título alemão. Em 1929, pouco antes da Grande depressão (Crash da bolsa de Wall Street) Max se lança no palco principal do boxe mundial: Nova York
No ano de 1930 após várias vitórias de destaque, ele se sagra campeão durante uma luta pelo título pesos pesados, onde seu adversário o americano Jack Sharkey é desclassificado, após utilizar de golpes proibidos; se tornando o primeiro europeu a conquistar o título nessa categoria. Ele ainda detém seu título no ano seguinte e perde somente em 32 após uma polêmica decisão do árbitro que injustamente concede o título à seu adversário.
Max que era casado com a bela atriz tcheca Anny Ondra e tinha como amigo pessoal e empresário um americano judeu Joe Jacobs, assiste com sobressalto a ascensão nazista no país.


 Em 1936 em ótima fase na carreira, Max desafia o temido pugilista norte americano Joe Louis (bombardeio marrom) até então invencível, naquela que iria ser a luta do século; tendo de um lado a ideologia nazista e de outro o Ocidente contrário a Hitler. Em um combate acirrado, Max consegue encaixar uma série surpreendente de golpes e vence Joe.


A vitória de Max, é cultuada e disseminada amplamente pelo partido nazista como símbolo da supremacia alemã e proclama o boxeador um herói nacional.
Max se torna um fenômeno tão arrebatador, que admirado pelo ministro de propaganda hitlerista Goebbels é convidado à se reunir em um almoço com o próprio Hitler. Apesar de ser contrário às causas do fuhrer, ele aceita o convite temendo represarias, se recusando porém a ingressar no partido.


Em junho de 1938 Max que não vinha obtendo lutas de destaque na Europa, aceita a proposta de revanche de Joe Louis, e os dois se encontram novamente em Nova York. Desta vez com apenas 124 segundos, o americano em ótima fase nocauteia o alemão, lesionando seu rim e quebrando sua vértebra e se torna detentor do cinturão.
De volta à Alemanha em outubro, sua regressão coincide com a terrível "Noite dos cristais", onde tropas nazistas massacravam milhares de judeus. Max que se sente indignado com tamanho horror, acolhe e protege os filhos de um amigo judeu; os meninos: Werner e Henri Lewin.
Temendo as repercussões da eminente guerra, ele se muda com sua esposa para o interior, levando seus vizinhos pobres judeus para trabalhar em sua propriedade. No ano seguinte com a guerra ocorrendo, espiões da SS descobrem os planos de Max de participar de outras lutas em território americano. Temendo uma humilhação ainda maior que a última e já ressentidos com suas ligações com judeus, o alto comando nazista opta por enviar Max à guerra e o insere em missões suicidas.


Max sobreviveu à todos combates, sendo que em sua última missão antes do fim da guerra na ilha grega de Creta ele foi dado como morto, reaparecendo alguns dias depois em uma base hospitalar.
Com o fim da guerra Max que foi absolvido de qualquer crime de guerra, se viu em estado financeiro crítico. Ainda tentou manter sua carreira como boxeador, mas em 1948 encerrou sua carreira durante uma luta em Nova York.
Em 1954 Max recuperou a instabilidade financeira ao montar uma franquia da Coca-cola na Alemanha.
Max viveu com Anny Ondra até o ano de sua morte em 1987, os dois não tiveram filhos.


Se tornou grande amigo de Joe Louis, e quando este faleceu na pobreza em 1981 pagou todas as despesas de seu funeral. Em 1992 ele entrou para o Hall da Fama do Boxe Internacional, com 56 vitórias (40 por nocaute), 10 derrotas e 4 empates.
Max morreu aos 99 anos no dia 2 de fevereiro de 2005, após três dias em coma.
Ulano negro do Reno (Ulano era um lanceiro usado pelos exércitos europeus) marcou seu nome na história como um exemplo arrasador no esporte e na vida.



primeira luta com Joe Louis


segunda luta com Joe Louis

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