Teu nome é quase indiferente
e nem teu rosto mais me inquieta
A arte de amar é exatamente
a de ser poeta.
Para pensar em ti me basta
o próprio amor que por ti sinto:
és a ideia serena e casta
nutrida do enigma do instinto.
O lugar da tua presença
é um deserto, entre variedades
mas, nesse deserto é que pensa
o olhar de suas saudades.
Meus sonhos viajam rumos tristes
e, no próprio universo,
tu, sem forma e sem nome existes
silêncio, obscuro e disperso.
Teu corpo, e teu rosto, teu nome
teu coração, tua existência,
tudo - o espaço evita e consome...
eu só conheço a sua ausência.
Eu só conheço o que não vejo.
E nesse abismo do meu sonho,
alheia à todo outro desejo,
me decomponho e recomponho.