POEMA DO FIM - Marina Tzvietaieva



ENCONTRO

Vou chegar tarde ao encontro marcado,
cabelos já grisalhos. Sim, suponho
ter-me agarrado à primavera, enquanto
via você subir de sonho em sonho.

Vou carregar esse amargo – por largo
tempo e muitos lugares, de penedos
a praças (como Ofélia – sem lámurias)
por corpos e almas – e sem medos!

A mim, digo que viva; à terra, gire
com sangue no bosque e sangue corrente,
mesmo que o rosto de Ofélia me espie
por entre as relvas de cada corrente,

e, amorosa sedenta, encha a boca
de lodo – oh, haste de luz no metal!
Não chega este amor à altura do seu
amor ... Então, enterre-me no céu!





Marina Tsvetaeva publicou seus primeiros poemas aos 16 anos. Opôs-se violentamente à Revolução de Outubro e exaltou em versos o Exército "Branco". Deixou a Rússia em 1922, a fim de se reunir ao marido, que fora oficial "branco" na Guerra Civil. Suas relações com os emigrados "brancos" foram, porém, se deteriorando, chegando ao rompimento total.
Concisos, ásperos, severos, de uma severidade que se alterna com certa tendência para o fluente e o musical, seus versos são certamente dos mais belos e realizados da poesia russa deste século. Deixou também reminiscências, crônicas, etc. Sua obra é acessível apenas em parte, quer na União Soviética, quer no Ocidente.

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