Seu som tão melódico, poderia inspirar o mais afortunado dos seres à compor um poema que enalteceria o amor ou o bucolismo tênue, mas não inspirava a mim... não ali.
Pensava... apenas pensava!
Como se estivesse exausta de minhas psicoses, tentava simplesmente uma alternativa que preenchesse minhas lacunas mais profundas, que suprisse meus anseios e sucumbisse meus tolos receios.
Jamais compreendi esse saudosismo melancólico que tudo acolhe e nunca soube lidar com a consciência masoquista que a tudo afugenta... sempre optei pela tolerância pacifista que não aconchega ou repele: apenas bloqueia.
E não seria este o meio mais eficaz?
Talvez assim garanta meus sonhos mais tranquilos... mas de que vale mesmo os sonhos?
Talvez este zelo exacerbado não me permita ouvir a canção e não possa dançar. Talvez o medo egoísta de evitar uma lágrima não deixe que eu provoque ou experimente o sorriso.
Mas não pode ser diferente e apenas pensava.
A chuva cessou e ainda que tímido surgia o sol, tão radiante e singelo, que até mesmo os pássaros não resistiam e cantavam... e cada vez mais!
Espere... posso ouvir a canção!!!
Solitária, olhei ao meu redor: e enfim sorri... nada mais me impedia!!!