TENANCINGO - a capital da escravidão sexual


O pequeno município de Tenancingo, localizado no estado mexicano de Tlaxcala, e com quase 11 mil habitantes, tornou-se a partir da década de 1970 um centro de prostituição e tráfico de mulheres.
Considerada como a capital da escravidão sexual e da prostituição do México, estima-se que 10% de seus habitantes, se dediquem ao recrutamento, exploração e venda de mulheres, sendo o principal foco de tráfico de mulheres da América do Norte, e consistindo em um dos maiores desafios da atualidade para as autoridades.
O maior obstáculo enfrentado pelas autoridades para frear as atividades dos cafetões, está no fato que o aliciamento de mulheres é considerado (pela grande maioria) uma atividade normal, sendo tratado como um negócio familiar, que envolve e conta com a colaboração de todos os integrantes da família, e muitas vezes conta com a negligência legislativa.
"O problema se iniciou há 40 ou 50 anos, os traficantes começaram a ganhar dinheiro, o que permitiu a eles apoiar economicamente a comunidade, pagando festas e infraestrutura. Ser traficante se transformou em uma aspiração para os jovens e crianças do povoado. Se transformou em algo cultural." afirmou à BBC, o diretor do Centro Frei Julian Garcés (que atende vítimas de exploração sexual) Emilio Muñoz.



A abordagem das vítimas, normalmente é feita de modo carinhoso pelos cafetões, que convencem mulheres normalmente ingênuas e indefesas vindas de ao menos 15 estados diferentes, à princípio atraídas por proposta de casamento ou por promessas de emprego. Mas foram relatados casos de rapto ou compras de mulheres, para a finalidade de aliciamento.
As vítimas, são a partir daí forçadas ao cumprimento das ordens dos cafetões, sob o risco de haver consequências para seus familiares, e são em muitas vezes enviadas para a capital mexicana ou até mesmo para outros países.
As origens para o problema está enraizado muito além, segundo Felipe de la Torre, coordenador regional de um projeto da ONU contra o tráfico de pessoas, existe um fator cultural determinante para resolução dos problemas: o machismo
"Grande parte da sociedade mexicana ainda tem características muito fortes de machismo. Por isso algumas esferas ainda resistem a aceitar que mulheres e vítimas podem ser forçadas a exercer a prostituição," diz o coordenador.
Enquanto isso, milhares de mulheres temerosas e exercendo trabalhos forçados, são obrigadas a aceitar todo e qualquer tipo de humilhação e viver abaixo de qualquer nível adequado de condição humana, aguardando alguma providência dos órgãos competentes e a caridade das pessoas.


Pesquisar